A vida depois de SHUa.
O diagnóstico de uma doença rara nunca surge sozinho na vida de alguém. Com ele, também chegam transformações importantes na rotina, capazes de provocar o desenvolvimento de um novo olhar para a própria saúde, para si mesmo e para o mundo.
No caso da SHUa (síndrome hemolítica urêmica atípica), o diagnóstico recebido a partir de sintomas agudos e repentinos já anuncia o início de uma nova e delicada realidade para o paciente. No entanto, assim como acontece em muitas outras doenças raras, realizar um tratamento seguro e seguir cuidados específicos com o acompanhamento de médicos especialistas permite que se viva uma rotina mais estável e com mais saúde.1,2
A SHUa (síndrome hemolítica urêmica atípica) é uma doença rara e progressiva que resulta da formação de pequenos coágulos sanguíneos criados a partir de um desequilíbrio no sistema complemento do organismo (um dos sistemas responsáveis por suas defesas). Estes coágulos podem prejudicar de forma séria e letal diversos órgãos, especialmente os rins.2
As manifestações da doença, assim como as possibilidades de tratamento multidisciplinar variam bastante de pessoa para pessoa. Ainda assim, o curso do tratamento envolve, na maioria dos casos, duas fases distintas com questões clínicas específicas.3
A primeira se refere ao diagnóstico da doença e a descoberta de suas particularidades. Este momento inicial exige um rápido bloqueio da hiperatividade do sistema complemento do organismo, de forma a evitar a progressão do quadro. Já a segunda traz como principal questão a estabilização contínua do organismo, com a suspensão gradual do bloqueio do complemento. Por isso a importância do suporte médico permanente para monitorar sintomas e a ação de medicamentos.3
Além destes passos fundamentais, outros cuidados também são muito válidos e importantes para proteger a saúde e o bem-estar de quem lida com a SHUa (síndrome hemolítica urêmica atípica):
Entenda os sintomas Um passo fundamental para lidar melhor com qualquer doença - especialmente as raras - é se informar sobre ela. Entender a natureza dos sintomas sentidos, sua gravidade e como gerenciá-los não apenas gera mais segurança ao paciente, como também ajuda a aliviar o estresse de lidar com um assunto desconhecido.5
Cuide bem de seus rins Os rins são, geralmente, os órgãos mais afetados pela SHUa (síndrome hemolítica urêmica atípica). Assim, caso o organismo não receba o tratamento adequado, o quadro poderá evoluir para insuficiência renal, que é quando os rins não conseguem executar suas funções necessárias para o organismo, podendo gerar consequências letais.3
Atenção à saúde mental A preocupação causada pelos desafios de conviver com uma doença rara podem prejudicar diretamente a saúde física e mental. Enquanto os níveis de estresse no organismo aumentam os riscos de doenças cardiovasculares, gastrointestinais e neurológicas, o sentimento constante de angústia pode evoluir para transtornos emocionais mais sérios.4
Exames e acompanhamento médico sempre em dia Em pessoas que lidam com a SHUa, o sistema complemento do organismo geralmente lida com desequilíbrios constantes, que precisam ser monitorados para evitar a reincidência de sintomas. Assim, o acompanhamento contínuo, realizado pelo médico nefrologista e hematologista é fundamental.2
Mantenha o autocuidado Com esta nova realidade, a atenção aos cuidados de prevenção da saúde ganham ainda mais espaço como um todo. Investir em hábitos saudáveis, como boa alimentação, exercícios físicos e momentos de lazer - sempre discutidos previamente com o médico responsável - continuam sendo medidas fundamentais para conquistar mais saúde e mais força para enfrentar o que vier. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S00852538153008
Fontes:
MAXIMIANO, Cristiana, et.al.“Síndrome hemolítica urêmica atípica genética em crianças: uma experiência de 20 anos a partir de um centro terciário”. Brazilian Journal of Nephrology. Fevereiro de 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbn/a/PQhjffXt5jCx5ghcxH69H9S/abstract/?lang=pt. Acesso em: agosto de 2023
RAINA, Rupesh, et al.“Atypical Hemolytic-Uremic Syndrome: An Update on Pathophysiology, Diagnosis, and Treatment”. Therapeutic Apheresis and Dialysis in Wiley Online Library. Outubro de 2018.Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/1744-9987.12763. Acesso em: agosto de 2023.
FAKHOURI, Fadi, et al. “How I diagnose and treat atypical hemolytic uremic syndrome”. Ash Publications, Março de 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1182/blood.2022017860. Acesso em: agosto de 2023.
ZUARDI, Antonio Waldo. "Fisiologia do estresse e sua influência na saúde." São Paulo: USP, Departamento de Neurociência e ciência do comportamento. Junho de 2010. Disponível em: https://www.academia.edu/download/34894091/Fisiologia_do_estresse_1.pdf. Acesso em: agosto de 2023.
SUBRAMANIAM, Vaidyanathan. Tips for managing stress When You Have aHUS. aHUS News. Outubro de 2019. Disponível em: https://ahusnews.com/health-insights/tips-for-managing-stress-when-you-have-ahus/. Accesso em: agosto de 2023.